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Como funciona a terapia?

  • Foto do escritor: Guilherme e Emily
    Guilherme e Emily
  • 14 de jan.
  • 6 min de leitura

Atualizado: há 1 dia

Nesse post vamos explorar em detalhes o que é a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e como as sessões funcionam nessa abordagem. Essas informações podem te ajudar a entender se esse é o formato de terapia que melhor se encaixa com você e a diminuir a ansiedade sobre como o processo terapêutico funciona. Mas não se preocupe: tudo que você precisa saber também é esclarecido na primeira sessão de terapia!  

Como a Terapia Cognitivo Comportamental funciona?


A terapia cognitivo-comportamental possui/trabalha 3 componentes principais: nossos pensamentos, emoções e comportamentos. Esses três elementos (influenciados pelo nosso contexto de vida, histórico e biologia) são a base para a mudança em terapia. Mas como exatamente isso funciona?


Vamos supor que você tenha sido demitido recentemente e buscou a terapia para manejar melhor suas emoções durante esse período. Depois de revisar seu histórico e contexto, um psicólogo da TCC proporia que vocês identificassem esses três elementos na situação difícil que você está enfrentando. Juntos, vocês perceberiam que:


  • Você tem experimentado muita tristeza (emoção);

  • Que essa tristeza está associada a pensamentos negativos, como “eu nunca vou encontrar um emprego tão bom quanto esse”;

  • Essas emoções e pensamentos levam a uma dificuldade crescente para buscar novas oportunidades de trabalho (comportamento). 


Em conjunto, esses três elementos se influenciam mutuamente impactando e definindo sua experiência emocional. É muito comum que eles funcionem em um ciclo que se retroalimenta: não buscar novas oportunidades de trabalho torna o pensamento “nunca vou encontrar um emprego tão bom quanto esse” algo muito mais próximo da realidade, o que aumenta a tristeza e torna mais difícil buscar um emprego novo.


Dividir nossa experiência emocional em diferentes partes e observar como elas se relacionam ajuda a tornar as dificuldades um pouco mais fáceis de manejar, porque podemos escolher com mais clareza por onde começar - na TCC clássica, costuma ser pelos nossos pensamentos. 


A todo momento nossa mente está atribuindo significado às coisas que acontecem ao nosso redor sem que tenhamos muita consciência. Nesses momentos, nossos pensamentos parecem apenas “surgir”, sem que tenhamos intencionalmente refletido ou raciocinado a respeito. Pode ser algo como: “o dia está bonito hoje”, “acho que a professora está estressada” e até “eu nunca vou encontrar um trabalho tão bom quanto esse”.


Como esse processo acontece automaticamente, é comum que alguns erros de raciocínio apareçam em pensamentos automáticos. Por isso, na TCC, vamos buscar avaliar se esses pensamentos refletem de maneira adequada a realidade.  Para avaliar o pensamento “eu nunca vou encontrar um trabalho tão bom quanto esse” poderíamos questionar a probabilidade de isso realmente acontecer com base em suas experiências anteriores, currículo, trabalhos com benefícios semelhantes disponíveis…  


Provavelmente concluímos que nunca é uma expressão muito forte e irrealista. Poderíamos determinar que suas chances na verdade são boas (o que provavelmente impactaria positivamente as emoções desconfortáveis!) ou, pelo contrário, notaríamos que seria realmente difícil encontrar um trabalho tão bom. Nesse caso, precisaríamos buscar estratégias para modificar o comportamento: construir motivação, pedir ajuda de amigos e construir um currículo melhor para começar a buscar novas opções…


Observe atentamente que não substituímos o pensamento negativo por um positivo, mas tentamos avaliar cuidadosamente se ele refletia a realidade. É muito comum as pessoas imaginarem que na TCC tentamos pensar positivo, mas isso está longe de ser verdade. Eventualmente o pensamento positivo pode ser tão irrealista quanto o negativo; queremos apenas garantir que nossos pensamentos realmente se adequem à realidade.


Talvez mudar os comportamentos e pensamentos se mostrasse suficiente para solucionar o problema da demissão e você não precisasse mais da terapia. Mas vamos supor que, apesar da questão do trabalho ter sido solucionada, você e o seu terapeuta tenham observado que essas previsões extremamente negativas se repetem com frequência, sempre envolvendo suas capacidades (não vou conseguir fazer um bom currículo, não vou conseguir chamar o garçom, não sou competente para cuidar do jardim). Isso provavelmente os levaria a investigar as suas crenças centrais. 


Crenças são o resultado direto da mistura entre nossas experiências de vida e tendências biológicas. Elas facilitam a interpretação de eventos e guiam nosso comportamento mesmo que inconscientemente. Vamos supor que você tenha crescido em uma casa crítica, onde constantemente seus esforços eram invalidados e criticados. Desde pequeno você passa a internalizar a ideia de que não é capaz de fazer as coisas - e ao perder o emprego esse mesmo raciocínio leva para: “nunca vou conseguir um emprego tão bom”. 


Depois de identificar a crença central você e seu terapeuta passam a formular uma nova, mais saudável e realista, talvez algo como: “eu sou competente, não preciso fazer as coisas perfeitamente para ser capaz”. Esse processo costuma envolver registrar constantemente as coisas que contradizem a ideia de incapacidade (consegui um novo emprego, cuidei bem das minhas plantas), fazer experimentos para avaliar se as suas hipóteses de ser alguém incapaz se confirmam… 


Essas técnicas são as que em geral compõem a chamada Terapia Cognitivo-Comportamental Clássica. Ela forma uma base a partir de onde outras TCCs se desenvolveram, como a Terapia de Aceitação e Compromisso, A Terapia Comportamental Dialética e a Terapia do Esquema. É muito comum que terapeutas usem técnicas dessas outras TCCs durante o tratamento: praticar mindfulness (um tipo de meditação), exercitar a autocompaixão, fazer exercícios de imagem… 


Todas essas diferentes técnicas funcionam bem juntas porque compartilham da premissa mais importante da TCC: que os nossos pensamentos e comportamentos impactam a forma como nos sentimos e que modificando-os podemos modificar também a experiência emocional.


Como cada sessão funciona?


Na Terapia Cognitivo-Comportamental as sessões seguem um passo-a-passo mais ou menos estruturado que pode variar dependendo do estágio da terapia, da preferência do cliente/paciente e da TCC específica usada pelo psicólogo. Em geral, todas elas possuem os seguintes componentes:


  1. Checagem do humor: nesse momento vamos tentar entender como as coisas se mantiveram no intervalo entre sessões. Perguntas comuns nessa etapa envolvem: Como você passou a semana, de maneira geral? Os sintomas de ansiedade aumentaram ou diminuíram? De 0 a 10, o quão deprimido você se sentiu?

  2. Definindo a pauta: é quando decidimos o assunto central da sessão. Vamos definir juntos com base nas suas expectativas e no plano de tratamento. Perguntas comuns nessa etapa envolvem: Aconteceu algo durante a semana que você gostaria de discutir? Eu gostaria que trabalhássemos alguns exercícios para manejar a ansiedade, podemos separar 15 minutos da sessão para isso?

  3. Discutindo a pauta: essa parte se parece com uma conversa onde vamos trabalhar juntos para compreender a situação e buscar ferramentas para manejar ou solucionar as dificuldades. É aqui que vamos dividir a experiência emocional em comportamentos, emoções e pensamentos e usar estratégias para manejar cada um desses componentes.

  4. Estabelecendo uma tarefa de casa e revisando a tarefa de casa da sessão anterior: vamos definir qual a melhor forma de colocar em prática o que discutimos e revisar dificuldades com a tarefa da sessão passada.

  5. Feedback: ao final da sessão vamos entender quais estratégias da terapia estão ou não funcionando e quais as suas percepções sobre a sessão e sobre a terapia como um todo. Esse momento é muito importante para recalcular a rota caso o andamento da terapia não esteja como você gostaria!


Como a primeira sessão funciona?


Um dos principais objetivos da primeira sessão é descobrir se você e o seu psicólogo tem potencial para trabalhar bem juntos. Da sua parte, isso significa se identificar com a abordagem e se sentir respeitado pelo profissional que está te atendendo. Da parte do psicólogo, significa avaliar seu histórico, objetivos e experiências anteriores para compreender se os serviços que ele oferece são compatíveis com o que você precisa. 


É por isso que a primeira sessão tem um formato um pouco diferente do restante da terapia. Nesse momento inicial, o psicólogo reúne informações importantes sobre o seu histórico, dificuldades atuais, objetivos de terapia, atendimento psicológico prévio, diagnóstico e medicação (se for o caso) para avaliar se ele possui competência técnica para atender o seu caso e formular um direcionamento inicial para o tratamento. Esse direcionamento engloba as técnicas, estratégias e protocolos que parecem se adequar às suas necessidades atuais e serão explicados brevemente para que você compreenda o funcionamento das sessões a longo prazo e avalie se esse formato satisfaz suas necessidades. 


Questões sobre pagamento de sessões, faltas, tarefas de casa e frequência também tendem a ser discutidas nesse momento. Além disso, a primeira sessão conta com um momento de feedback para que você possa compartilhar dúvidas, opiniões e impressões. Nesse momento, também pode ser discutida a possibilidade de encaminhamento caso vocês percebam que suas necessidades não foram atendidas, se o profissional considerar outra modalidade de tratamento mais adequada ou se for necessário atendimento por outros profissionais de saúde, como psiquiatras e nutricionistas. 


O objetivo do psicólogo é te ajudar a encontrar o melhor caminho possível para se aproximar dos seus objetivos - mesmo se isso incluir continuar a jornada com outra pessoa!


Esperamos que esse post tenha te ajudado a compreender mais como a terapia funciona! Se mesmo assim você ficou com alguma dúvida, sinta-se à vontade para chamar a gente no insta ou deixar um comentário por aqui. Vamos adorar te responder! 


Foto de Shpëtim Ujkani na Unsplash

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